A Importância da Evangelização nos dias de hoje.

O Evangelho precisa ser analisado tendo em vista suas muitas tonalidades culturais, étnicas, geográficas e históricas. Vejam as respostas na pesquisa nacional com referências às principais características e ênfases nos modelos utilizados para plantação e crescimento:


TEMAS %

A Evangelização 31

B Pequenos Grupos e Células 19

C Pregação/ oração / Bíblia 16

D Igreja com propósitos 12

E Eventos / propaganda 9

F Ensino e discipulado 9

G Capacitação de líderes 9

H Sem resposta 9

I Adoração / louvor / edificação 8

J Comunhão / intercessão / aconselhamento 8

K Vários métodos / parcerias 6

L Pontos de pregação 6

M Dons / curas 5

N Missões / serviço 4

O Plantação de igrejas com infraestrutura própria 4

P Atendimento comunitário 4


Q Redes ministeriais 3

R Pesquisa e contextualização do evangelismo 3

S Sem modelo / não sabe 3.3

Conforme se vê acima, evangelização ganha disparado a corrida como maior ênfase (31%). Pequenos grupos e células vêm logo em seguida com 19%. Vemos também que apenas 5% das igrejas pesquisadas utilizam dons em curas como sua maior ênfase. Isso talvez reflita o esfriamento espiritual especialmente na igreja pentecostal. Apesar da propaganda focada nos milagres e maravilhas, os resultados não acontecem com a mesma frequência com que vinham acontecendo no movimento pentecostal avivalista das décadas de setenta e oitenta. Os rótulos são diversos, mas apatia, indiferença e arrefecimento da fé cristã encontram-se presentes em quase todos os conteúdos denominacionais. Sem sombra de dúvidas, diversas respostas da pergunta acima revelam um pouco do enigma, do caos em que se encontra a igreja evangélica brasileira bem como a falta de direção dos pastores e líderes. Por exemplo, 9% das igrejas não responderam essa questão, 6% usam um mix de métodos e o que é pior, 3,3% não possuem uma ênfase, ou seja, “estão atirando para todos os lados”.

A prioridade ao evangelismo, recrutamento de novos membros e crescimento numérico, de forma dramaticamente óbvia, visa apenas a “cristianização” da comunidade na aparência, nos números e no tamanho. O critério para o sucesso da igreja resume-se ao crescimento numérico e recursos financeiros. Parece que neste mundo evangélico do “vale-tudo”, todo tipo de metodologia pode ser utilizada, desde que produza crescimento. Que visão distorcida e reduzida do Evangelho! Os valores do Evangelho possuem apenas um papel secundário e a igreja passa praticamente despercebida pelo povo que mora ao redor (de verdade, quem gostaria de residir ao lado de uma igreja, nos horários de culto?). Além disso, as igrejas continuam balançando de um lado para o outro do pêndulo, indecisas, inseguras se devem investir mais na evangelização e projetos evangelísticos ou se devem praticar mais assistência social na comunidade local.


Evangelização Integral e David Bosch

David Bosch resume o evangelismo como dimensão e atividade da missão da igreja que, através da palavra e da ação e à luz de condições específicas e de um contexto singular, oferece a toda pessoa e comunidade, em qualquer lugar, uma oportunidade válida de ser diretamente desafiada a uma radical reorientação de sua vida, uma reorientação que implica coisas como ser libertado da escravidão do mundo e de seus poderes; aceitar a Cristo como Salvador e Senhor; tornar-se um membro vivo de sua comunidade, a igreja; ser arrolado em um serviço de reconciliação, paz e justiça na terra, e comprometer-se com o propósito de Deus de colocar tudo sob o senhorio de Cristo. Ele esboça 18 considerações para uma melhor compreensão do evangelismo, especialmente em suas relações com a missão que resumem e acrescentam os vários temas abordados até o momento:

1. A missão é mais ampla que o Evangelismo. Missão denota a tarefa global que Deus deu à igreja para a salvação do mundo. Ela é a igreja enviada ao mundo para amar, servir, pregar, ensinar, curar, libertar.

2. Evangelismo não pode ser equiparado à missão. Evangelismo é parte integrante da missão mais abrangente da igreja, está inserido na missão global da igreja.

3. Evangelismo é “dimensão” essencial da atividade global da igreja, como coração ou cerne da missão da igreja.

4. Evangelismo implica testemunhar o que Deus fez, está fazendo e fará, como mediador da boa nova do amor de Deus em Cristo que transforma a vida humana.

5. Evangelismo objetiva uma resposta, mudanças específicas, renunciando evidências do domínio do pecado em nossas vidas, aceitando responsabilidades em termos do amor de Deus.

6. Evangelismo representa um convite. É comunicar alegria, uma mensagem positiva de esperança. Não é o mesmo que (1) oferecer uma panaceia psicológica para as frustrações e desapontamentos das pessoas, (2) inculcar sentimentos de culpa para que as pessoas em desespero se voltem para Cristo, ou (3) assustar as pessoas a fim de que se arrependam e convertam com estórias sobre os horrores do inferno. As pessoas devem ser atraídas pelo amor de Deus.

7. A pessoa que evangeliza é uma testemunha, não um juiz. Newbigin nos lembra que jamais posso saber se a pessoa que rejeita meu testemunho rejeitou a Jesus.

8. Embora devamos ser modestos quanto ao caráter e à eficácia de nosso testemunho, o evangelismo permanece um ministério indispensável. Não representa um acessório opcional, mas um dever sagrado.

9. O evangelismo só pode acontecer quando a comunidade que evangeliza –a igreja, é uma manifestação radiante da fé cristã e exibe um estilo de vida atraente. Muitos não confessam a Cristo porque rejeitaram-no pelo que viram na vida dos cristãos.

10. O evangelismo oferece às pessoas a salvação como uma dádiva presente e, junto com ela, a garantia de bem-aventurança eterna, pois pessoas estão procurando desesperadamente um sentido para a vida. Mas se essa oferta constituir o centro do evangelismo, degrada-se o Evangelho a um artigo de consumo e Cristo é reduzido a pouco mais que um fornecedor de bênçãos especiais.

11. Evangelismo não é proselitismo, onde as pessoas de outros grupos sociais e igrejas sejam vistas como “candidatos” a serem ganhos. Grande parte disso reflete a tendência de construir impérios.

12. Evangelismo não é o mesmo que extensão eclesiástica, sinônimo de expansão da igreja através do incremento numérico de membros. A atenção do evangelismo não deveria estar voltada para a igreja, mas para o reinado de Deus.

13. Distinguir entre evangelismo e recrutamento de membros não significa sugerir que ambos estejam desconectados. Faz parte do cerne da missão cristã fomentar a multiplicação de igrejas. Sem a igreja é impossível haver evangelismo ou missão. Mas as estatísticas são menos úteis quando queremos medir o grau de eficácia e responsabilidade do evangelismo na igreja. Um evangelismo autêntico pode causar a diminuição dos membros de uma igreja.

14. Apesar de não ser individualista, no evangelismo, “só é possível dirigir-se a pessoas, e só elas podem responder. O evangelismo tem uma dimensão pessoal e social.

15. O evangelismo autêntico sempre é contextual, valorizando a história, contexto e ética social. O Evangelho implica no senhorio de Cristo em todas as esferas da vida.

16. O evangelismo não pode ser dissociado da pregação e prática da justiça. Ser um discípulo de Cristo implica em aceitar um compromisso com Cristo e um chamado ao serviço do Reino de Deus. Evangelismo significa angariar pessoas para o reinado de Deus, libertando-as de si mesmas, de seus pecados e de seus enredamentos, a fim de que sejam livres para Deus e o próximo.

17. Evangelismo não é um mecanismo para apressar a volta de Cristo. Barret e Reapsome (1988), calculou que houve 788 planos globais para evangelizar o mundo e que a maioria deles estava relacionada com expectativas escatológicas. Os projetos fascinados com o ano 2000 mostraram-se altamente questionáveis.

18. Evangelismo não é apenas proclamação verbal, apesar de possuir uma dimensão verbal da qual não é possível escapar. Mas não existe uma única maneira de testemunhar Cristo. A Palavra jamais pode estar divorciada da ação. Não é possível empacotar o evangelismo em 4-5 princípios. Não há um plano mestre, uma lista de verdades absolutas. Só nos é possível testemunhar o Evangelho de maneira ousada e humilde, concomitantemente.

Será que podemos impor nossos mapas como único caminho para nortear os confusos, indecisos e peregrinos à beira do caminho ou prescrever nossos próprios medicamentos como a única solução e cura das doenças? Quando fazemos isso dizemos que somos mais importantes, somos melhores que vocês. O cristão deve refletir o seguinte na conversão de não cristãos: como desenvolver um relacionamento pessoal e fraternal com eles antes e depois de evangelizá-los? Qualquer tipo de aproximação ou conversa que não tenha interesse em continuar num bom relacionamento irá quebrar a comunicação. Precisamos trazer o dom da certeza num clima de ambiguidade, com clareza sem superioridade.


Rubens R. Muzio – Sepal

Jornal da manhã e o padrão moral Evangélico!



Na última segunda-feira dia 19 de setembro de 2011, o Jornal da Manhã, jornal pertencente ao Grupo Jm de Comunicação, sediado em Uberaba-MG, trouxe como principal matéria de capa a seguinte manchete:
“Evangélico mata esposa com 5 tiros”
Antes de qualquer comentário, quero dizer que o fato em si, é horrível, desaprovável e triste, independente de quem cometeu tamanha mostruosidade.
Alguns pontos precisam ser ponderados, quem disse que o suspeito é evangélico? O jornalista que escreveu a matéria sequer assinou a mesma.
Olha como são as coisas, algumas semanas atrás o mesmo jornal repercutiu sobre o trágico assassinato de três mulheres que foram esquartejadas pelo marido. Em momento algum se falou a qual religião ele pertencia.

O ponto que quero aqui levar a reflexão é o destaque dado a opção religiosa de quem cometeu o crime.Quantas vezes você já leu as seguintes manchetes nos jornais: “CATÓLICO fez isso”, “MAÇON fez aquilo”, “ESPÍRITA é acusado de aquilo outro” e por aí vaí?

É público e notório que as más notícias envolvendo evangélicos ou supostos evangélicos encontram ampla acolhida na mídia global. É público e notório que somente com relação aos evangélicos é mencionada a opção religiosa dos envolvidos em escândalos ou em qualquer falcatrua. É de se repudiar qualquer tentativa de manchar a imagem da comunidade evangélica, que incontáveis benefícios tem proporcionado à família brasileira.

Desabafos e denúncias contribuem para uma melhor conscientização. Por exemplo, é público e notório que as opções religiosas dos envolvidos em qualquer desvio de conduta só são divulgadas quando o infrator é evangélico ou se diz evangélico. Para citar apenas um exemplo, nunca foi informada a opção religiosa do juiz Nicolau, acusado de desvio de muitos milhões de reais; nunca revelaram a religião dos anões do orçamento, nem de qualquer um dos envolvidos em centenas de escândalos financeiros; nunca foi feita uma pesquisa para verificar as opções religiosas dos milhares de presos que respondem por roubos, assassinatos, estupros, seqüestros e outros delitos. Sem sombra de dúvida, muitos deles são católicos, batizados no catolicismo, ou espíritas ou maçons, até mesmo alguns ateus.

O sistema global divulga também notícias boas sobre evangélicos. A diferença está na proporção, na ênfase, na profundidade. É um modo perverso de formar opinião. Vou dar um exemplo bem antigo, mais que vale como reflexão, no Jornal Hoje, dia 07.06.2003, a notícia televisiva sobre A Marcha para Jesus durou menos de um minuto. Logo em seguida, foi veiculada uma reportagem de quase dez minutos sobre bruxaria, ensinando como fazer feitiço, como deve ser uma bruxa moderna.

Faço minhas as palavras do amigo Mário Magalhães. Eu acredito que essas manchetes tenham, por trás, uma cobrança que um evangélico ou cristão seria a única pessoa que não faria isso. Infelizmente, o que dava notícia mesmo era isso. As outras religiões não faria efeito nenhum. Portanto, isso para mim demonstra uma visão, de uma certa forma, que os evangélicos têm ética superior.